“Quem pensa que a vida se vive e constrói sem sofrimento, ainda não entendeu a arte de viver”, afirma o Padre Ricardo Esteves. Lê a reflexão na integra, a seguir:

Sabes, a arte é dor, a vida é sofrimento. Todo o desejo nasce de uma necessidade, de uma privação, de um sofrimento. Satisfazendo o desejo, acalma-se… mas, embora se satisfaça um, quantos permanecem insaciados? O desejo dura muito tempo, porque as exigências são infinitas, enquanto o gozo é curto e medido. E, mesmo quando esse prazer é obtido, é apenas aparente, porque logo outro surge”, começa por dizer.

E continua: “Não há nada no mundo capaz de apaziguar a vontade, ou transformá-la em algo duradouro. Às vezes, torna-mo-nos escravos da vontade, perdendo a essência da vida, do que realmente tem valor. A vida nunca é bela. Belos são os quadros da vida, as estátuas perfeccionistas e obras esculpidas. Quem pensa que a vida se vive e constrói sem sofrimento, ainda não entendeu a arte de viver. E tu dizes: mas eu não sou um artista! Pois, eu digo-te: és sim! A vida de cada um de nós, é uma obra em construção, nunca perfeita porque é inacabada.”

O Padre Ricardo Esteves acrescenta ainda que: “Todos os dias esculpimos ou pintamos um pouco da nossa história. Umas vezes de cor de rosa, outras de negro e cinza. Contudo, seja a cor que for, elas dão forma, sentido, significado e vida à obra que cada um de nós vai construindo. Quanta dor não tem a arte da tua vida? Quantas renúncias, traições, mentiras, perdas, rejeições, erros… mas mesmo assim continua a ser vida… uma vida sofrida, mas que por tão pequenos e grandes sofrimentos, a tornam a melhor arte obtida.”

O pároco conclui afirmando: “Quantas pessoas já não vi sorrir bonito, sem imaginar como lhes doía por dentro?! Viver dói… existir apenas, nem tanto. E no meio da dor, a morte, às vezes, parece um pequeno susto. Sabes, não sejas tão pessimista. O pessimismo depois de tu te acostumares a ele, é tão agradável quanto o optimismo. E, assim, ficas estagnado na vida. Sê audaz, erra na vida, aceita o que erraste e reconstrói dos escombros… ama a vida e não desistas.”